Autor(a)

NATÁLIA GONÇALVES DE SOUSA

Instituição

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Data

2020

O objetivo deste estudo foi demonstrar a diferença quanto à eficácia da auditoria interna
percebida pela Alta Administração (representada pelos membros dos Conselhos Superiores –
MCS) e pelos membros da Auditoria Interna (AI) nas Universidades Federais Brasileiras
(UFs). Para isso, utilizou-se dos pressupostos da Teoria Institucional, considerando os
isomorfismos a razão pela qual algumas instituições mudam e outras resistem a mudança,
bem como a normatização internacional ratificada pelo IIA. Por vezes, a AI é percebida pela
Alta Administração unicamente como agente fiscalizadora que atua somente nas funções de
monitoramento e conformidade. Todavia, ela possui, atualmente, um papel consultivo e mais
abrangente, que, se bem utilizado, pode agregar alto valor à administração. No setor público,
especificamente dentro das UFs, percebeu-se a relevância em evidenciar a real condição das
AI, considerando a pouca produção científica sobre o tema e a necessidade de verificar
possíveis falhas e pontos que possam ser melhorados. Isso levaria ao maior aperfeiçoamento
do desempenho como um todo, gerando maiores retornos sociais e acadêmicos. Para alcançar
o objetivo proposto, foi realizado um estudo quali-quantitativo, em que houve o levantamento
do perfil dos membros da AI e MCS e foi replicada, com adaptações, a metodologia utilizada
por Alzeban e Gwilliam (2014), no paper “Factors affecting the internal audit effectiveness:
A survey of the Saudi public sector”. Dessa forma, foi possível relacionar as principais
variáveis influenciadoras de eficácia: competência, tamanho, relacionamento, suporte e
independência. Foram analisadas as 63 UFs via e-SIC e direcionados questionários a 336
servidores da AI e 3.474 MCS, obtendo taxa de resposta geral de 6,92% do público-alvo, em
que se consistiu em 32,7% de membros da AI e 4,43% de membros do MCS. Como resultado,
foram confirmadas as hipóteses de que competência, tamanho, relacionamento e suporte
afetam a percepção de eficácia do trabalho da Auditoria Interna, pela própria AI e pela Alta
Administração, e não foi confirmada a independência como influenciadora da percepção. Esse
resultado sugere que, no Brasil, a interferência hierárquica pode comprometer a atuação da
AI, considerando que a independência é relatada, em estudos anteriores e normativos
internacionais, como fator essencial para a atuação da AI. Ainda, foi possível verificar que, a
qualidade das atividades e o apoio administrativo; a influência positiva do maior número de
auditores internos; a importância da AI e influência na hierarquia do setor público; e o apoio
da Alta Administração, geram melhoria da governança decorrente do melhor relacionamento
da AI e da Alta Administração.

Palavras-chave: Auditoria Interna Governamental; Universidades Federais Brasileiras;
Administração Pública; Eficácia no Setor Público.