ALINE ROSA INACIO PINHO
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
2012
Este estudo teve a intenção de investigar e refletir sobre dimensões do trabalho desenvolvido com famílias em situação de abuso sexual. O objetivo geral dessa pesquisa foi compreender as características de famílias atendidas em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) no Distrito Federal e que vivenciaram situações de abuso sexual e identificar as formas de atendimentos prestados a essas famílias. Os objetivos específicos consistiam em identificar dados sóciodemográficos e estruturais das famílias, as situações de abuso vivenciadas, bem como a natureza da violência, o local onde ocorreu e a relação do agressor com a vítima; verificar as formas de atendimentos prestados, os encaminhamentos e apontar desafios enfrentados pela equipe profissional. Os dados foram coletados por meio da leitura de quarenta (40) prontuários de famílias atendidas no CREAS de Ceilândia de acordo com roteiro elaborado com base na literatura. Os dados apontaram que as famílias atendidas eram, em sua maioria, jovens, monoparentais e tinham baixa escolaridade. A maior parte das situações de abuso sexual era intrafamiliar, tinha como vítimas meninas e como agressores pais e padrastos. O número de atendimentos prestados às famílias foi baixo a despeito da complexidade das situações enfrentadas. Outras questões mereceram destaque em nossa discussão: a dificuldade para abordar aspectos da sexualidade com famílias em contexto de abuso sexual; o silêncio que envolve as famílias e o serviço nessas situações; a dificuldade de lidar com crianças muitos jovens e crianças e adolescentes com deficiência mental que foram sexualmente abusadas; e a importância do investimento na articulação das redes de atendimento. Constatou-se que é indispensável a criação de critérios e protocolos para o acolhimento, o atendimento e o encerramento das situações. Esses protocolos devem incluir o monitoramento das ações e dos encaminhamentos para que a família possa ter acesso aos serviços de que necessita e seja realmente fortalecida. É importante ainda o investimento na formação continuada dos/as profissionais, com o intuito de qualificar as intervenções prestadas.
Além disso, é necessário que seja criado espaço de avaliação e de discussão de casos para que a equipe possa trabalhar as dificuldades e obstáculos que encontra no cotidiano.
Palavras-chave: Abuso sexual, violência, família, atendimento.