Autor(a)

DAYANE SILVA RODRIGUES

Instituição

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Data

2011

Esta dissertação objetivou analisar os sentidos construídos sobre saúde-doença mental por participantes de um grupo terapêutico do CAPS e suas implicações ao processo de desinstitucionalização da loucura. Para tanto, esteve referenciada nos aportes da Saúde Coletiva, no tocante a produção social do processo saúde-doença e ainda nas contribuições teóricas do campo da Saúde Mental sobre a proposta de desinstitucionalização da loucura no cotidiano das práticas de cuidado e atenção aos usuários. Além dessas bases, o estudo conta também com o referencial da Teoria Histórico-Cultural da Mente, no que se refere às suas elaborações em torno da temática dos sentidos. Metodologicamente, a pesquisa se configurou como uma investigação de caráter qualitativo. A pesquisa foi realizado no CAPS Geral da SER II de Fortaleza, por meio do contato com um dos grupos terapêuticos dessa instituição, o Grupo de Florescimento Humano. O contato com esse grupo iniciou-se em julho de 2010, primeiramente, por meio da metodologia da Observação Participante, com intuito de conhecer o modo de funcionamento dessa proposta terapêutica. Posteriormente, foi realizada uma Entrevista Individual Semi-Estruturada com uma das participantes. Por fim, foi aplicado um questionário escrito com doze pessoas do grupo, as quais também participaram de um Círculo de Cultura sobre o tema desta pesquisa. O material oriundo desses procedimentos foi registrado com o auxílio de um gravador de voz, em seguida, foi transcrito e analisado com base na metodologia da Análise Temática. Como resultado de tal proposta de análise, foram categorizados três temas que mais se destacaram do discurso dos participantes, quais sejam: a conceituação da loucura e do processo saúde-doença mental; as histórias e “estórias” que explicam as existências-sofrimento e a produção da saúde mental; a construção de sentidos e desinstitucionalização. Os achados desta pesquisa apontam que a loucura e o processo saúde-doença mental encontram-se imersos em um quadro de grande indefinição científica, que gera muitas possibilidades de significações em torno da questão. Os sentidos de saúde e doença mental produzidos com os participantes circularam em torno de adjetivos antagônicos que indicaram a presença marcante de uma noção de saúde mental como algo inalcançável, por significar a ausência de doenças. Já a doença mental foi percebida como desajuste, erro, desequilíbrio e acúmulo de problemas. Por outro lado, os participantes também destacaram a existência de diferentes modos de ser e existir no mundo como marcas de singularidades, que, frequentemente são diagnosticadas como loucura. Eles apontaram apara a necessidade de convivência com essas diferenças e com seu processo de sofrimento. Como mais um resultado do estudo, foi discutida a importância da categoria sentido, como ferramenta essencial a ser valorizada e trabalhada na proposta de desinstitucionalização da loucura no cotidiano dos serviços de saúde mental.


Palavras Chave: Saúde Mental; Doença Mental; Desinstitucionalização da Loucura e Sentidos.