Autor(a)

DAYANE SILVA RODRIGUES

Instituição

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Data

2017

No Brasil, pessoas entre 12 e 17 anos que cometem infrações penais são julgadas conforme o marco regulatório da Justiça Juvenil, que prevê a aplicação de medidas socioeducativas. O presente estudo problematiza especificidades, princípios e estratégias para a utilização de metodologias grupais como dispositivos de atuação no atendimento a adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em meio aberto. Os dados desta tese foram produzidos por meio de uma pesquisa-intervenção, que operacionalizou 16 encontros grupais, ao longo de 3 meses, com 11 adolescentes de 15 a 17 anos, sentenciados ao cumprimento da medida de Prestação de Serviço à Comunidade (PSC), vinculados a uma unidade de atendimento em meio aberto do Distrito Federal. Como instrumentos de registro dos encontros, foram utilizados o diário de campo e um gravador de áudio. A investigação parte do prisma de abordagens histórico-culturais de compreensão do desenvolvimento humano (L. S. Vigotski) e da perspectiva do dialogismo (M. Bakthin) no entendimento do jogo de elementos que compõem os processos discursivos e avança para problematização do grupo como dispositivo (R. B. Barros). Referenciada por tais vieses, a discussão de dados empreendeu uma análise episódica do processo grupal, por intermédio de um olhar atento às interações e trocas relacionadas a processos de produção de significações e negociação de posicionamentos no desenrolar dos encontros do grupo de adolescentes. O estudo sistematizou os resultados em quatros blocos temáticos, intitulados “Eu, o grupo, o território e outros estranhos”; “Eu, agente de transformação da minha vida e ator social”; “Eu, prestador de serviço à comunidade” e, por último, “Eu e o processo grupal”. Em tais seções, foram trabalhados aspectos relativos aos fluxos do movimento grupal, permeado por devires, ressignificações, produção de um plano comum e heterogêneo, problematizações acerca do relacionamento dos participantes com seu território, diálogos sobre a construção de projetos de vida pessoais e de metas coletivas, reflexões acerca do campo de possibilidades de atuação de cada jovem, articulações entre trabalho e juventude, debates acerca da realização de uma atividade colaborativa comunitária e os impactos e efeitos da PSC para os adolescente e para o território. Por fim, sob a voz dos participantes e como uma avaliação da pesquisa-intervenção, o estudo discute as estratégias de viabilização do trabalho de grupos nas medidas socioeducativas em meio aberto e propõe que o grupo seja concebido como dispositivo socioeducativo, com vistas a ampliar as ferramentas de atendimento em socioeducação e contribuir para o aprofundamento da base teórico-metodológica das práticas socioeducativas.


Palavras-chave: Grupo, Desenvolvimento Humano, Adolescentes, Socioeducação.