Autor(a)

ROSILENE BEATRIZ LOPES

Instituição

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

Data

2013

Entramos no século XXI e as violências nas escolas continuam no debate do cenário nacional e internacional. O que se mostrava incipiente na literatura? Histórias de vidas de alunos reincidentes na prática de violência escolar. Assim, esta pesquisa teve por objetivo investigar percursos escolares de alunos reincidentes na prática de violência escolar e suas relações com o contexto escolar e familiar. Para alcançar os objetivos propostos, optou-se pela abordagem qualitativa, combinando estudo de casos múltiplos e relatos de vida, tendo como técnicas de geração de dados a entrevista prolongada, a entrevista semiestruturada individual, a entrevista de grupo focal, a análise documental e a observação. Participaram desta pesquisa trinta e uma pessoas, quinze estudantes do ensino fundamental e do ensino médio, quatro professoras, duas diretoras, cinco especialistas em educação, dois auxiliares de serviços da educação básica e três pais. Fizeram parte desta pesquisa quatro escolas da rede pública estadual de Montes ClarosMG. Os resultados sugerem que no cotidiano das escolas existem diferentes tipos de violências: incivilidades, bullying, vandalismo e negligência pedagógica, que diferem dos outros espaços sociais, haja vista que existem aspectos institucionais e organizacionais que moldam os conflitos sociais no ambiente escolar próprios do seu contexto; que as escolas criam seus próprios desvios e depois reagem para manejá-los; que é preciso superar a posição de conceber o aluno reincidente na prática de violência escolar como réu ou vítima e dar visibilidade ao contexto em que ele se encontra e, ainda, romper com a visão reducionista partindo para uma visão globalizante, ou seja, de associar a identidade do aluno a um único aspecto, a violência praticada, esquecendo-se dos demais aspectos, classe social, gênero, escolaridade, dentre outros; que a rotulagem como rosto da violência pode ser construída desde o início da vida escolar; que o rosto da galera surge a partir do 6° ano de escolarização. Em muitos percursos escolares, violência e fracasso escolar caminham lado a lado, incidindo sobre os alunos e construindo esses rostos da violência. Quando as violências persistem, os mais atingidos são os alunos, que são reprovados, transferidos ou se evadem. Se conseguem concluir o ensino fundamental, acumulam grande atraso escolar. Quando chegam ao ensino médio e o concluem, entram para o mercado de trabalho, que exige a conclusão desse nível de ensino tardiamente. Assim, os rostos das violências e do fracasso escolar se transfiguram no rosto da exclusão social, dando continuidade ao círculo vicioso intergeracional. Todavia, também existe o rosto da esperança, mostrando a possibilidade desse círculo vicioso se transformar no círculo virtuoso.

Palavras-chave: Educação Básica. Violências nas escolas. Indisciplina. Gestão Escolar. Aprendizagem. Cultura de Paz.