DIUVANIO DE ALBUQUERQUE BORGES
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
2011
O presente trabalho tem como objetivo o estudo das crônicas de Machado de Assis, publicadas na Gazeta de Noticias, entre abril de 1888 e agosto de 1889, na coluna Bons Dias!, reunidas em 2008 por John Gledson. Partindo da relação entre forma literária e processo social, a pesquisa apontará, em três partes, como o gênero se transfigurou ao longo do tempo; quais foram as contribuições de Machado de Assis para a solidificação da crônica como criação literária; como essas formulações estéticas foram fundamentais na formação do escritor e são fundamentais no processo de depreensão da realidade brasileira oitocentista.
O ponto de partida será o estudo sobre a gênese desse gênero: como se transmutou ao longo do tempo até atingir suas singularidades literárias. Trata se de uma leitura que implica não só o estudo da crônica em si, como também sua relação com o romance, o conto e a poesia. Um estudo que parte da crônica histórica e seu valor documental à dimensão ficcional, buscando desde o caminhar dos fatos cotidianos até os mais altos graus de formulação estética.
Posteriormente, a obra receberá um duplo enfoque: a crônica como campo de experimentações e inovações técnicas e como mecanismo de internalização e depreensão do social. Para que esse estudo seja feito, compreendemos que a inovação estética proporcionada por Machado só foi possível graças às contradições que envolviam a realidade brasileira e que a depreensão desta realidade só foi possível a partir dessas novas formulações. E, por fim, são analisadas de forma mais pontual algumas crônicas que ao longo dos anos foram mais problematizadas por alguns críticos, seja por sua temática em si, o que para nós será uma forma de recorte – a escravidão e a questão da abolição -, quanto pela sua construção em relação a outros gêneros.