ÍVENA PÉROLA DO AMARAL SANTOS
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
2009
Este estudo busca encontrar na teoria psicanalítica de Jacques Lacan, formulada a partir do entendimento de que o inconsciente estrutura-se como uma linguagem, elementos que correspondam às analises efetuadas por Martin Heidegger da estrutura do Dasein e sobre a questão do Ser. Por se tratarem de âmbitos conceituais distintos, uma exposição sobre a diferença entre o ontológico e o ôntico mostra-se necessária, e esta é apresentada a partir do pensamento heideggeriano. Após a exposição da teoria da linguagem que cada autor propõe, buscar-se-á responder a pergunta sobre a possibilidade de uma aproximação entre ambos, tendo-se em mente que eles não se equivalem nem se subordinam, como também não representam um a continuidade do outro. O que anima o presente estudo é a visão de homem comum aos dois autores: seja ele Dasein ou sujeito, o homem não permite uma interpretação naturalizante nem substancializadora. Os principais textos utilizados foram Ser e Tempo e Seminários de Zollikon, de Heidegger, e Escritos e os seminários de 1955 a 1969, de Lacan. Para este estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica, donde se constatou que há poucas referências que tratam de um diálogo entre Heidegger e Lacan, pelo menos na língua portuguesa. O que se concluiu foi que, nos primeiros anos do ensino de Lacan, Heidegger de fato é presença constante em suas elaborações, particularmente quanto à linguagem ser o que constitui o sujeito enquanto reveladora da verdade em relação ao seu desejo. As divergências conceituais e metodológicas que efetivamente ocorrem não são consideradas para que se garanta a integridade de cada pensador no seu campo de investigação.
Palavras-chave: Heidegger, Lacan, linguagem, fenomenologia hermenêutica, psicanálise.