JULIANA ALVES DE OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
2006
Esta dissertação tem como objetivo principal identificar as motivações dos adotantes cadastrais, pois a regularidade estatística no universo adotivo nacional aponta para uma preferência pelas adoções à brasileira e/ou prontas. A hipótese principal indica que as caracterizações dos sujeitos em foco – no que diz respeito à sua pertença e religiosa e ao nível de educação formal – exercem forte influência em sua opção pela adoção cadastral. Apoiando-se na teoria do habitus de Pierre Bourdieu, pôde-se constatar que a cultura individual é o que orienta os limites da ação dos sujeitos e, no caso dos adotantes cadastrais, em seus diferentes habitus, encontra-se a explicação para seus percursos e tentativas adotivas. Vale lembrar que seus habitus são unificados pelo Estado. Na coleta e análise dos dados, realizou-se um trabalho quali-quantitativo com base nos seguintes recursos: observação direta, consultas de documentos oficiais, aplicação de formulários e entrevistas semi-estruturadas. As observações foram realizadas em instituições envolvidas no processo das adoções cadastrais, bem como mediante amostra de adotantes. Analisaram-se, também, documentos referentes ao regimento dessas instituições, em especial quanto às orientações referentes à prática adotiva estudada. Observou-se uma discrepância entre o discurso oficial e o que efetivamente as instituições praticam em seu cotidiano. Por fim, no tocante às entrevistas realizadas com os adotantes, foi verificado que, em maioria, eles têm um nível socioeconômico e formação escolar superior à média da população da Cidade de Fortaleza, bem como participam de alguma comunidade religiosa e são membros de famílias que espelham o modelo socialmente dominante – nuclear burguês.
Palavras-chave: Adoção. Estado. Políticas públicas.